Por Edu Fernandes
As palavras “festa” e “festival” têm o mesmo radical. Não por acaso, são eventos parecidos. Quando estive na universidade, dizia-se que uma boa festa se faz com pessoas, música e bebida. Um bom festival de cinema precisa de ingredientes semelhantes para ser um sucesso.
Em sua segunda edição, o Olhar de Cinema é um ótimo exemplo. O festival foi realizado de 6 a 14 de junho em Curitiba.
A boa música de uma festa corresponde à programação fílmica de um festival, e nisso o Olhar de Cinema está garantido. Do ano passado para 2013, o número de filmes em cartaz na mostra aumentou – foram mais de 100 títulos. O apuro da curadoria foi o mesmo da edição de estreia: houve uma preocupação em celebrar um cinema autoral, daqueles que não dá para ficar neutro.
As produções abordam temas relevantes, seja no âmbito pessoal ou social. O ganhador da Mostra Competitiva Internacional foi o libanês 74, the Reconstitution of a Struggle (“74, a Reconstituição de uma Batalha”, em tradução literal), que fala sobre o movimento estudantil e suas contradições. O longa mistura aspectos documentais com ficcionais, uma característica recorrente em outros títulos do festival.
Entre os filmes nacionais, o escolhido pelo júri foi Katia. O documentário mostra a primeira travesti eleita para um cargo público no Brasil. Para saber mais, clique aqui.
O único ingrediente que é exatamente igual em festival e em festa de faculdade são as pessoas. Nesse quesito, também houve melhorias no Olhar de Cinema. Se por um lado a cobrança de ingresso (por módicos R$ 5) diminuiu o público por sessão, por outro também evitou que desavisados entrassem na sala de cinema para ficar no celular. Felizmente, todos ali estavam interessados no filme.
![]() Cena do filme 74, the Reconstitution of a Struggle
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Com uma estrutura maior, o festival conseguiu trazer mais convidados, nacionais e estrangeiros. Os encontros promovidos entre essas pessoas geraram conversas enriquecedoras para todos.
Para estimular os diálogos, o Olhar de Cinema tinha um restaurante oficial, algo que não existia no ano anterior. Os frequentadores se reuniam no local depois de cada dia de sessões para jantar e trocar impressões sobre os filmes assistidos. Eis o fator “bebida” de uma boa festa.
Durante qualquer festival, é aconselhável ter a experiência plena. Apenas ver as produções e guardar as opiniões para si é egoísmo, além de um grande desperdício de oportunidade de aprendizado.
Veja o making of do Olhar de Cinema: